Por que as flores têm cheiros bons e ruins? – Casa e Jardim

As flores de cerejeira emitem um aroma doce e leve quando estão atraindo polinizadores (Foto: Pixabay/Couleur/CreativeCommons)

As flores de cerejeira emitem um aroma doce e leve quando estão atraindo polinizadores (Foto: Pixabay / Couleur / CreativeCommons)

Imagine andar por uma floresta tropical enquanto um doce perfume paira no ar. Um pouco mais adiante neste caminho, o fedor pútrido de carne podre faz você quase perder o fôlego. Após uma investigação, você descobre que ambos os odores se originam de flores – mas por que elas têm cheiros bons e ruins?

Isso é parte da estratégia de reprodução. As plantas florescem para produzir sementes que podem se tornar novas mudas. Para fazer uma semente, o pólen de uma parte da flor deve fertilizar os óvulos em outra região. Algumas espécies podem se autopolinizar, usando o próprio pólen para fertilizar seu óvulo. Outras requerem pólen de outro exemplar da mesma espécie – isso é chamado de polinização cruzada

As abelhas são um dos principais insetos polinizadores que existem na natureza, pois pousam em diferentes flores para coletar o néctar (Foto: Pixabay/Kolling/CreativeCommons)

As abelhas são um dos principais insetos polinizadores que existem na natureza, pois pousam em diferentes flores para coletar o néctar (Foto: Pixabay / Kolling / CreativeCommons)

Então, como uma planta obtém o pólen de outra? Às vezes, a gravidade e o vento carregam a substância. As flores polinizadas pelo vento, como as de muitas árvores e gramíneas, não produzem odor.

Há ainda as flores que são polinizadas por pássaros, morcegos, insetos ou mesmo pequenos roedores que transportam o pólen. Nesses casos, as plantas oferecem um incentivo: os animais são recompensados ​​por um néctar rico em energia e nutrientes, ou em proteínas para se alimentar. As espécies que precisam de insetos e morcegos vão além e produzem um perfume que atua como um “sinal de boas-vindas”.

Uma orquídea de floresta tropical ou uma rosa de jardim, por exemplo, precisa atrair um agente para trazer o pólen da mesma espécie. No entanto, existem pétalas que parecem semelhantes, mas são de espécies distintas. Para se diferenciar, cada espécie emite uma fragrância única para atrair polinizadores específicos. E nós, humanos, conseguimos sentir esses cheiros porque eles evaporam facilmente e flutuam no ar. 

As borboletas também atuam como polinizadores de diversas espécies de flores (Foto: Pixabay/JamesDeMers/CreativeCommons)

As borboletas também atuam como polinizadores de diversas espécies de flores (Foto: Pixabay / JamesDeMers / CreativeCommons)

Os aromas são compostos por um grande e diversificado número de elementos químicos. O cheiro de uma rosa, por exemplo, pode consistir em até 400 substâncias químicas diferentes.

As fragrâncias podem ser doces e frutadas, almiscaradas e fedorentas ou pútridas, dependendo do polinizador que a espécie está tentando atrair. Uma árvore de maçã ou cerejas emite um aroma doce para atrair abelhas. Mas se você aproximar seu nariz da pereira (árvore da fruta pera) pode ser que você queira recuar de repulsa, pois suas flores têm um odor ruim para atrair moscas como polinizadores. Da mesma forma, a flor-cadáver (Amorphophallus titanum), nativa da Indonésia, emite um odor fétido que lembra carne apodrecendo para chamar a atenção de moscas e besouros.

Mariposas e morcegos noturnos localizam flores pelo cheiro que é liberado após o pôr do sol. O cereus (cactos ceróides) que florescem à noite, o cacto saguaro (Carnegiea gigantea) e a fruta-do-dragão (pitaia), têm grandes pétalas brancas que se abrem à noite – elas parecem brilhar ao luar, tornando-as visíveis aos bichos noturnos. O perfume forte ajuda a guiar os polinizadores para dentro das flores e, enquanto eles bebem o doce néctar, coletam pólen que será depositado na próxima flor visitada. Uma vez polinizada, a planta interrompe a liberação do aroma e redireciona sua energia para o embrião fertilizado, que se tornará a nova semente.

Richard L. Harkess é professor de Floricultura e Horticultura Ornamental, na Mississippi State University, nos Estados Unidos. Este artigo foi escrito originalmente em inglês e publicado no The Conversation.



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